Levei meu Fusca 67 prá oficina, a fim de fazer uma revisão. Foi o único veículo que consegui comprar nesses trinta e poucos anos. Não sei se as pessoas sabem, mas um professor precisa trabalhar de manhã, à tarde e à noite para ter um salário que cubra os gastos da família, taxas e impostos que nos são impostos.
Na oficina ouvi a notícia do título, sobre a preocupação do ministro, enquanto o meu amigo Luiz, o mecânico, falava sobre os problemas do meu carrinho:
"O problema não é só o câmbio, professor. A direção tá frouxa; não consegue manter o veículo aprumado. As curvas podem ficar perigosas. E os freios, então?... Muito gastos; não seguram mais nada! Qualquer deslize..."
Passando ao motor: "Opa! Aqui o problema é maior! O eixo de comando tá rodando folgado demais. As juntas estão raleando; a câmara de compressão tá vazando e o distribuidor tá soltando faísca sem engatar. A caixa de engrenagens vai levar o diferencial pro chão."
A parte elétrica: "O pisca-alerta tá intermitente. Logo, logo, começam a estourar os fusíveis com a sobrecarga de energia. Não tem alternador que resista! Quem dirige isso já deve ficar com o cabelo em pé!"
E, por fim: "Como se pode trabalhar despreocupado, com um calhambeque destes dando tiros prá todo lado? O senhor precisa se preocupar mais com os transportes que utiliza, senão vai terminar seus dias, antecipadamente! Cuidado, professor!"
E, depois, dizem que o povo não sabe o que diz. Ou isso é mera coincidência?